Resolvi criar coragem e limpar meu sótão das lembranças. Lá, dividindo espaço com muita poeira acumulada durante anos, há cadernos, cartas, bilhetes, fotos, desenhos, postais e diversos outros objetos, cada um com uma história e muitas lembranças.
Por várias vezes tentei limpar meu sótão, mas no final do dia eu acabava deixando tudo ali, guardado naquele lugar escuro. Me faltava coragem para me desprender daquelas lembranças. Parecia que a cada objeto que eu fosse jogar fora eu estaria matando uma história, uma lembrança, um alguém! Mas havia tanta coisa acumulada ali que a estrutura já não suportava mais o peso. Uma hora iria desabar tudo, e não demoraria muito tempo.
Encarei toda aquela bagunça de peito aberto, sem máscara e sem luva. A poeira não iria me matar, talvez as lembranças também não.
A cada carta e bilhete lido eu iria relembrando uma história. A cada foto, desenho ou postal me levava em uma viagem pelo passado. Cada cheiro remetia a alguém. Aos poucos fui retirando coisa por coisa, tirando das trevas e trazendo para a luz e retirando cuidadosamente toda a poeira.
Tomei a dura decisão de me livrar de todo aquele peso, e o mais importante, sem sentir remorso. A cada objeto que retirei, fiz questão de reviver tudo de novo e depois deixei ir embora. Sem ressentimento, sem mágoa!
Confesso que em muitas coisas ali eu já não me reconheci mais. Percebi que não sou mais o mesmo, o tempo me mudou muito. É estranho ver como as prioridades já não são mais as mesmas e como alguns sonhos mudaram e outros foram abandonados. Só espero que, ao final de toda esta limpeza no meu sótão, eu possa sentir que esta mudança tenha me tornado um ser melhor e não pior do que eu era!
Dony Augusto (DAJ)
27/07/2014 - 18:36
